sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Eu sou a Lenda

Uma característica interessantíssima em filmes como Eu Sou a Lenda, é observar o comportamento de um homem vivendo a solidão por anos a fio (algo que O Náufrago já havia mostrado de forma marcante). Qual seria a reação de uma pessoa ao passar anos sozinha? Aqui, Will Smith prova novamente sua competência como ator, exibindo uma das melhores perfomances de sua carreira na pele do cientista Robert Neville. Baseado no livro de Richard Matheson de 1954, e com algumas adaptações ao longo dos anos, incluindo Mortos que Matam (de 64) e A Ultima Esperança da Terra (de 71), no qual eu confesso, jamais li ou assisti qualquer uma delas. Portanto minha crítica vale apenas para o filme como experiência cinematográfica, ignorando detalhes e diferenças em relação às outras versões.

O filme tem inicio em 2012, exibindo uma Nova York desabitada e totalmente invadida por animais. A partir daí, o diretor Francis Lawrence (Constatine) e o roteirista Mark Protosevich (Poseidon, A Cela) constroem uma narrativa lenta, com a acertada opção de informar o expectador aos poucos do que está acontecendo, enquanto acompanhamos o dia-a-dia de Neville. Inconvencido de que é a única pessoa viva na Terra, o herói criou um cotidiano que inclui entrar em uma loja e conversar com manequins, até se dirigir até um local que acredita encontrar outras pessoas, graças a uma mensagem deixada nas radios que soa bem mais do que um simples aviso de que ele está vivo: é um apelo contra sua própria solidão, que de forma sutil, aumenta o tom dramático da história.
E por falar em tom dramático, não poderia deixar de mencionar Sam, a cadela amiga de Neville (alguem aí lembra de Wilson?). É nela que o protagonista despeja todos os seus laços afetivos, e que cria uma relação íntima com ele (que serve também para fortalecer um vínculo emocional entre herói e público), e que mais tarde desencadeará em duas cenas em especial na qual entenderemos o quanto ela significa pra ele. A primeira delas cria um clima de tensão imenso, além de exibir os vilões do filme (na qual falarei mais adiante).

Com alguns flashbacks que servem não só para entendermos o que aconteceu com o mundo, como também para conhecermos um pouco mais sobre Neville (algo semelhante à Lost), os monstros também se apresentam de forma gradativa, e é a partir de então que realmente descobrimos a gravidade da situação. Criados em computação gráfica (que infelizmente os deixa artificiais em diversos momentos), essas criaturas servem não só para salientar o medo, mas também como uma esperança para reverter a situação. Talvez eu esteja ficando louco, mas a semelhança com os vampiros de Blade 2 não é incrivel?
Enfraquecido em seu terceiro ato, quando novos personagens entram em cena (eu sei que ela é brasileira... e é talentosa, juro... foi o papel...), e um pobre e desnecessário discurso sobre Deus se desenvolve (e o que é pior: esse discurso é levado muito mais a sério do que deveria, ganhando uma atenção quase absoluta no final da história, numa cena que me fez lembrar de Sinais), o que é uma pena. Mas são detalhes que, felizmente não impedem Eu Sou a Lenda de se tornar um filme sólido, tenso, divertido e emocionante. E considerando a grande maioria dos Blockbusters que chegam ao mercado ultimamente, não preciso nem dizer que este é mais que recomendado.

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