quinta-feira, 12 de julho de 2007

Harry Potter e a Ordem da Fênix

Talvez o mais admirável da franquia Harry Potter seja a capacidade de lançar tantos filmes sem saturar aquele universo, graças a constante troca de diretores que acabam sempre reinventando a fórmula que deu sucesso ao bruxinho nas telas (ainda que a essência seja conservada). Se os primeiros filmes serviram para introduzir o mundo mágico de forma leve e infantil (Pedra Filosofal e Câmara Secreta), Ordem da Fênix tráz um clima sombrio e melancólico, que introduz Harry a um mundo cheio de incertezas e medos, totalmente diferente daquele ao qual nos acostumamos.

Isso é perceptível logo no início, quando acompanhamos um ataque de dementadores. A fotografia está notavelmente diferente (acredito que até os mais distraídos perceberão de cara a óbvia mudança), que apela ainda mais pra cores frias (lembram-se do radiante sol que iluminava Hogwarts em A Pedra filosofal durante quase toda projeção?), além da mudança clara no tom da narrativa. Alias, A Ordem de Fênix conta com um interessantíssimo conflito político, protagonizado pela "guerra" entre Harry e Dolores Umbridge, encarnada por Imelda Staunton com admirável competência. Alêm dela, a novata Evanna Lynch vive Luna de forma brilhante, sendo um dos pontos mais interessantes do longa (as cenas de diálogo entre Harry e Luna estão entre os melhores momentos do filme). Novidade no elenco, é ainda Helena Bonham Carter, na pele da maléfica Bellatrix Lestrange (e com jeito de psicótica que daria medo nas bruxas da Walt Disney), uma comensal da morte que acabou não aparecendo tanto quanto merecia, mas que com certeza terá uma participação melhor em O Enígma do Príncipe. Com uma direção de arte espetacular e efeitos especiais acima da média, Harry Potter e A Ordem da Fênix consegue criar sequencias fascinantes, como duas belas cenas de vôo, o famoso "momento Weasleys" (os que leram o livro sabem do que estou falando) e a fantástica cena climax, no departamento de mistérios (todo o ministério de magia ficou simplesmente fascinante). Vale notar também, que o combate entre dois personagens no final é digno de aplausos, pela criatividade e eficácia dos efeitos especiais, na qual vemos um duelo de bruxos que demonstra o que se pode fazer com varinhas (coisa que até então, só ficava na nossa imaginação). Mas o momento principal do filme são mesmo aqueles da Armada de Dumbledore, comandada por Harry, em que vemos um grupo de alunos aprendendo a usar magias para se defender da ameaça que os acerca.

Com um rítmo muito mais lento que o antecessor Cálice de Fogo, é bem provável que o excesso de diálogos deixe o público mais jóvem entendiado. O fato é que, apesar de momentos engraçados aqui alí, Ordem de Fênix mostra-se claramente ao drama como objetivo maior. No livro, haviam inúmeros momentos mais leves que foram cortados (a principal reclamação dos fãs com certeza diz respeito ao quadribol) mas, considerando que este é de longe o maior livro da série, não dá pra negar que um ótimo trabalho foi feito na edição, considerando os acontecimentos de maior importância, e com mais louvor ainda, criando alguns momentos que não só soam totalmente fiéis, como acrescentam consideravelmente o desenvolvimento dos personagens (bem como a interação entre eles). Talvez minha única grande reclamação fique por conta do importante (não só do ponto de vista de informações da história, como também dramático) diálogo final entre Harry e Dumbledore. Resumido de forma pobre, é uma cena que com certeza merecia alguns minutinhos investidos, por ser um dos momentos mais belos do livro (e meu descontentamento aumentou ao perceber que essa cena era fundamental para percebermos que Harry ficou deprimido com a perda que não pretendo revelar aqui, e o destino que ele precisará carregar nas costas).
Queria ainda, elogiar Nicholas Cooper, compositor da trilha sonora deste episódio, que conseguiu criar faixas em sua maioria novas, belas e menos repetitivas que as do brilhante John Williams (embora sua trilha não tenha ficado tão boa quanto à de Patrick Doyle em Cálice de Fogo). No mais, o que posso dizer é que o novato David Yates realizou um majestroso trabalho, resultando no melhor blockbuster do ano até agora. Não dá pra dizer qual é o melhor Harry Potter produzido, já que são bastante diferentes e todos acrescentam algo novo para a série (se não fosse Cuaron com seu Prisioneiro de Azkaban, tenho certeza que a franquia tomaria um caminho totalmente diferente), mas o que posso dizer com absoluta convicção é: com esse amadurecimento do mundo e dos personagens, A Ordem da Fênix é o episódio que abandonou de vez o conceito filme-pipoca divertido, e colocou a série como um filme de fantasia que merece ser respeitado nas próximas gerações. E com este resultado tão promissor, digo que terei orgulho de apresentar esse universo mágico aos meus filhos no futuro.

3 comentários:

Marco Paulo disse...

"filme fantasia que merece ser respeitado pelas próximas gerações."
Aff nandim, fala sério. Tá certo que eu sou o cara que mais pega no seu pé, mas eu não concordo mesmo, de jeito nenhum. O filme é composto, em sua maioria, de cenas monótonas, sem real profundidade e importância para a história. As atuações dos personagens principais, eca. O Daniel Headcliff é um dos piores atores que eu já tive o desprazer de assistir fazendo um filme que deveria ser muito bom. No filme também falta imersão na vida de Harry Potter, não mostrando nenhuma aula, nenhuma disputa com malfoy, nenhuma cena de "ai meu deus eu amo a cho", nenhuma cena de dor pela perda, de raiva pela desinformação, etc. Claro, tem UM POUQUINHO de cada uma dessas coisas, mas é bem despresível. O filme passa sem ser percebido, trocando Comensais da Morte por supersayajins com Chi negro e o duelo de Voldemort e Dumbledore pela luta entre Ang e o Senhor do Fogo, de Avatar. Tosco. Com T maiúsculo.

Nandim Rodrigues disse...

O filme é voltado pra história, com mais diálogos e menos ação, mas não necessariamente monótonas. As atuações melhoraram muito em relação aos filmes anteriores, principalmente Daniel Radcliff, q está sendo muito elogiado...

Sobre oq falta no filme, creio q eles selecionaram oq foi mais importante para 2 horas e meia de projeção. Realmente muita coisa ficou faltando, mas não dá pra querer tudo... praticamente tudo q funciona em um livro da série é legal, mas no filme não funcionaria tanto... acho q cada filme evidencia oq mais precisa, faltou sim um pouquinho da cho, faltou dor pela perda tb (como disse na crítica), mas dá pra notar q Harry está nervoso o tempo todo e creio q quanto ao Malfoy, isso será evidencia para o próximo filme (onde o personagem tem um papel importante a ser desenvolvido).

Os comensais, acho q estão aparatando, eles fazem isso com fumaça negra (lembra da chegada deles no cemitério?), isso é efeito cinematográfico, precisa impressionar com efeitos especiais (igual o primeiro vôo, no livro eles simplesmente não podiam voar tão baixo)... E cá entre nós, achei ridiculo a luta no livro, não sei pq alias esse não pode ser criticado (como se fosse algo divino), a morte ficou ilegível no livro, e as lutas pareciam contra aqueles palhaços de Power Ranges, q não davam trabalho nem causava medo algum... achei totalmente sem emoção..

Respeito sua opinião MP, mas discordo.. ;)

Din Panther disse...
Este comentário foi removido pelo autor.